sábado, 6 de fevereiro de 2010

Das coisas simples

Não sei. Diretamente do alto da minha imensa ignorância eu não sei dar o porquê mas antes as coisas, incluso a felicidade, eram mais fáceis. Ser feliz era mais fácil, ser amiga era mais fácil, ser filha, irmã e tudo o mais. Tudo o mais era mais fácil ou, que seja, era menos complicado pelas nossas cabeças ou, mais especificamente falando, pela minha boicotadora cabeça. E daí eu (e ela) pensamos: o que foi que mudou?

O tempo, evidentemente, passou e isso, mais evidentemente ainda, muda uma porção de coisas, principalmente a perspectiva com a qual analisamos as coisas que acontecem ao nosso redor. Talvez tenhamos perdido a ingenuidade, talvez nossa esperança tenha sido afetada por aquilo que achamos que é maturidade, talvez estejamos descrentes ou talvez o culpado seja o próprio talvez, íntimo conhecido de quem cai na asneira de pensar demais.

Não sei, mas as vezes queria ser mais simples. Gostar do que todo mundo gosta, viver o que todo mundo um dia viveu, se dar mal como quase todo mundo já se deu. Ao mesmo tempo, gosto de ser como eu sou, de pensar o que eu penso e ter feito o que já fiz mas, é fato: algo me falta. E eu sei. Sei que não tenho a mínima idéia do que seja esse algo e, assustada, não sei se um dia saberei ou terei.

Das coisas simples ? Queria ter todas e, se possível, me transformar em uma delas.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O que (não) cabe numa mala?

Viajar sempre me trouxe a ótima sensação de poder analisar minha vida de um ponto de vista diferente. Como se, saindo da minha rotina, eu conseguisse enxergar as coisas sob um ângulo que, dentro do contexto do dia-a-dia, me era inexistente. Sabem aqueles enfeites onde algum motivo (época de Natal vê-se muito) é colocado dentro de uma bola de cristal e cada vez que a movimentamos, uma chuva de brilhos surge do 'nada' e fica ali, dançando diante dos nossos olhos até que se faça necessário outro movimento e mais outro e mais outro? Então, é esta a sensação: minha vida vira o motivo dentro da bola de cristal, as situações são os movimentos em busca do brilho mesmo que, enfim e infelizmente, nem sempre haja brilho.

Daqui dois dias, vou para o Rio Grande do Sul. O destino das minhas primeiras férias é o local que sempre foi minha casa e minha casa é, agora, um local que há bem pouco tempo atrás eu jamais pensaria que fosse. As pessoas com quem eu passava a maior parte dos meu dias são os amigos queridos que eu quero muito rever e pessoas que eu jamais imaginei que fossem fazer parte da minha vida são as companhias das quais sentirei falta neste um mês '0ff-life'. Experiências novas, sensações antes completamente desconhecidas, pessoas e culturas e cidades diferentes, medo (muito medo), saudade (muiiiita saudade): conseguirei pôr tudo isso na mala ?

Pois, sim, não quero perder nada disso. Não quero perder a noção do quão delicado é construir-se diariamente, do quão necessário é extrair a poesia da vida-não-poética, do quanto precisei aprender a me bastar - minuto a minuto - prá não cair nas armadilhas da tristeza que, confesso, muitas vezes foram construídas por mim. 2009 não foi fácil, mas também não foi difícil: ao contrário de 2008, ganhei bem mais do que perdi. Ganhei conselhos, ganhei carinho, ganhei cuidado e, o melhor de tudo, ganhei a noção de que sim, a vida é renovável ! E é só ela, V-I-D-A em letras garrafais, que levarei - soberana - em minha mala. E sem medo das taxas do cheking pois ela, apesar das letras garrafais, está e cuidará de ser sempre, mas S-E-M-P-R-E, leve. "Leve na lembrança" e, por maior que sejam seus fardos, leve na essência.


Com leveza,

Gabi

domingo, 20 de dezembro de 2009

Antes que as teias de aranha tomem conta do espaço ...

... resolvi colocá-lo em funcionamento novamente. É estranho, parece que a Gabriela que criou o blog e nele postou até determinada época de 2008 não é a mesma Gabriela que agora escreve. É claro que, por mais de o Dr. House afirme o contrário, as pessoas mudam... e eu mudei. De cidade, de estado, de área de atuação na profissão, de estado de espírito, de conceitos, de idade, de perspectivas. A essência ficou mas, as vezes, ela se perde. E é na intenção de captá-la que volto a escrever. Mais uma vez, confio às palavras o dom de (me) guardar da fugacidade da vida que, descobri, é o que de mais forte há.


Antes do ponto final, uma das maiores emoções musicais que senti neste ano: Maria Bethânia Teles Veloso.

http://www.youtube.com/watch?v=0IOb6JjJwnw

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Críticas ? Melhor não tê-las ...

Criticamos o governo. Criticamos o vizinho. Criticamos as músicas do momento. Damos nossa opinião acerca da novela, comentamos o trabalho daquele artista e a conduta de determinado BBB (pois ela nos é jogada garganta abaixo). Falamos, opinamos, criticamos... mas será que sabemos lidar quando estas falas, opiniões e críticas voltam-se para nós ? Se a lei natural é correta (tudo o que vai, volta) deveríamos saber que quem critica, pode ser criticado. Deveríamos ... mais um futuro do pretérito na nossa lista de imperfeições.


Esta semana, em uma comunidade virtual, percebi o quão estamos (eu, obviamente, me incluo na afirmação) despreparados para lidar com uma crítica. No caso em questão, uma crítica construtiva a respeito de uma "coisa" que admirávamos, tornou-se alvo de diversas outras críticas, algumas vezes descabidas até mesmo de argumentação. É triste, mas as coisas estão em um ponto onde se eu gosto, todos precisam gostar. Se eu não concordo, ninguém mais pode concordar.


Do virtual para o real, vi que o episódio é mais comum do que eu pensava e que uma das maiores causas das confusões que estamos carecas de presenciar advém desta espécie de arrogância que não nos permite falhar e, muito menos, ser criticados por tal. Daí eu me pergunto: se uma crítica, quando bem feita, é um impulso para o crescimento, como avançar sem elas ? Sem falar que, para criticar, precisamos conhecer. Caso contrário, melhor nem abrir a boca.


Conhecer, para depois criticar e aceitar o que nos é dito para, em cima disso, melhorar. Por mais complexas que as coisas sejam, na maioria das vezes pequenas ações podem mudá-las. Críticas ? Melhor não tê-las ... mas se não as temos, como sabê-las ?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A (des) presença : 26 anos "sem" Elis



Guimarães Rosa, em seu magistral Grande Sertão:Veredas, deu-nos um recado (dentre inúmeros!) que considero essencial: "O mundo é mágico. As pessoas não morrem, ficam encantadas." Hoje, um dia antes de completarmos os 26 anos da ausência física de Elis Regina Carvalho da Costa entre nós, esta frase torna-se ainda mais verídica: Elis encantou-se e deixou-nos como legado uma gama de canções inesquecíveis, além de uma extrema saudade, avivada a cada audição.


Nunca entendi a morte de Elis e a estupidez como esta se deu. Há quem julgue ter ocorrido naquela noite uma assassinato, o que seria mais confortável do que "a verdade" convencionalmente estabelecida: perdemos Elis por remédios, cocaína e álcool. Perdemos Elis para a fragilidade da vida. A mesma Elis que nos ajuda a ser forte, que nos motiva a ir a luta, que canta a nossa vida.... perdeu-se em seus mistérios, nas lacunas de suas dores.

Elis se foi... mas não nos deixou. Seu lugar (INSUBSTITUÍVEL !!!), permanece intacto nos nossos corações e assim sempre será: enquanto a música houver, Elis reinará ! Dona de uma personalidade forte, há muitas opiniões a respeito de quem, de fato, foi Elis Regina. Como toda a opinião, por mais sincera que seja, é tendenciosa, prefiro procurar Elis em suas músicas: e nelas "Essa Mulher" se mostra de forma cada vez mais exuberante. Por isso encerro este texto com uma homenagem, a que (a meu ver) é a mais bela: um legado seu (sua filha) canta a música que mais lhe descreve.

Elis, Elis ... que tua (des) presença seja eterna e que mais pessoas possam dispor de tua voz e de toda a dose de emoção que nela coloca (va) s.

Depois de ti, nada foi (nem será) como antes.






sábado, 5 de janeiro de 2008

Gentileza

Dois momentos e uma canção fizeram-me escrever este texto antes mesmo que a primeira palavra fosse aqui escrita. Seqüência de palavras que, sabe-se lá o motivo, só foram por mim ordenadas, uma vez que já existiam, perdidas no tempo e no espaço das ações humanas. Sobre os momentos, falarei mais tarde. Agora, a canção.... precisa (merece!) aqui ser colocada, ou, melhor: louvada. Trata-se da música Gentileza, interpretada por Marisa Monte.

Nela, uma voz incrível nos faz tomar conhecimento de que palavras de Gentileza escritas em um muro foram apagadas pela tinta. Faz referência a José Datrino, homem popularmente conhecido por profeta Gentileza que, no Rio de Janeiro, abriu mão dos seus bens materiais para escrever palavras de amor e bondade nos muros da cidade. (Procurar sobre a vida dele é uma ótima dica!) Nós, que "passamos apressados pelas ruas da cidade" ficamos sem poder ler as palavras de Gentileza. Complementando, vem a pergunta: "agora eu pergunto, a você no mundo, se é mais inteligente o livro ou a sabedoria ?" Enquanto pensamos nas respostas, melhor eu ir explicando os momentos...

Primeiro momento: saída de um banco no primeiro dia útil do ano, um calor insuportável e um número elevado de pessoas circulando nas ruas. Uma moça, de aproximadamente 15 anos, esbarra na outra e, ao invés de pedir perdão, indaga:"Não olha por onde anda não sua $%%###%%% ?" A outra moça, de quem eu estava começando a ficar com dó, não deixou por menos e retrucou a provocação. Saí de perto da cena, mas suponho que as duas estejam trocando xingamentos até agora....

Segundo momento:no próprio banco. Como todo o banco no primeiro dia útil do ano, este estava cheio. A sorte é que havia cadeiras nesta agência, onde podíamos esperar nossa vez sentados. Pois bem, assim estávamos, cerca de trinta pessoas, quando uma senhora bastante idosa entrou na agência com muita dificuldade, sendo carregada por sua neta. De pronto, todas as pessoas que estavam ali na volta prontificaram-se, como que automaticamente, a ajudar. O que foi isso ? Gentileza.... aquilo que fez falta na primeira situação, aquilo que precisa estar sempre... aquilo que Marisa traz em sua canção.

Ser gentil, educada, custa muito pouco perto do bem que faz. Bem muitas vezes esquecido mas que, como diz a canção, merecemos receber/dar. Claro, a música é uma metáfora, uma das mais belas metáforas da nossa MPB. No entanto, e esse é um dos sentidos das canções, não custa refletir e, no caso, mudar... transformar nossos atos e, através da gentileza, descobrir que a vida, bem como as nossas ações, são intrinsecamente ligados ao outro. O outro que, no fundo, está em nós.


PS: A música, para quem se interessar em baixar, está disponível em:

http://www.4shared.com/file/13953860/9ab1f1e/10_-_Gentileza.html?dirPwdVerified=60182a53





























sábado, 29 de dezembro de 2007

Felicidade: um compromisso social



Dia desses, entre uma conversa na sala de professores, uma colega proferiu a seguinte frase: “Eu tenho cumpro meu compromisso social”. Falou com uma convicção que me fez, de cara, pensar: e o meu compromisso social, qual é ? De pronto, pensei na profissão que pretendo seguir, para a qual me preparo com entusiasmo há três anos: o magistério. Mas... será ? Sim... e não. Sim pelo fato, extremamente conhecido, de que lecionar é muito mais que transmitir conhecimentos e não pelo fato de que, pelo menos para mim, as coisas (principalmente os sentimentos) não são perceptíveis a olho nu, ou melhor, com o perdão do trocadilho, de “coração cru”. Sempre acreditei no mais que há atrás do que parece raso, na alegria do efêmero e na felicidade das pequenas coisas. Felicidade... foi só pensar nesta palavra que, de imediato, descobri meu compromisso social: ser feliz.
Egoísta ? Não ... não depois de pensar nas seguintes questões: quantas pessoas neste mundo não têm aquilo que pra nós é cotidiano ? Família, estrutura financeira, o emprego do qual tanto reclamamos, etc. Quantas pessoas sequer sonham com a possibilidade de conquistar aquilo que nós, com suor, esforço ou, até mesmo, de mão beijada, conquistamos ? Definitivamente, somos beneficiados e, uma vez que o porquê deste benefício não nos é explicitado, temos a opção de aproveitá-lo ou anulá-lo, ficando presos a objetivos que, estando muitas vezes fora de nossa alçada, tapeiam aquilo que de fato é verdadeiro. A minha opção, obviamente, é a primeira.
Nesta época, reta final do ano, a tendência é sempre fazer um balanço do que passou. Comigo a coisa não foi diferente, fruto do pensamento objetivo que já está internalizado nos nossos atos, a primeira coisa que pensei foram em fatos: o que fiz, o que conquistei, o quanto cresci. Daí, fiz uma lista mental do que tinha feito e, para a minha surpresa, embora extensa, aquela era a lista mais vazia que já tinha visto. Fiz, conquistei, cresci.... mas o mais importante foi o caminho que percorri para tal e, principalmente, as pessoas que estavam ao meu lado, meus amigos. Isso foi possível no dia-a-dia, numa conversa em meio a um dia estressante, no trivial... coisa que nenhuma viagem, nenhum título e nenhuma conquista compensa. A felicidade, que eu tanto busco, está sempre do meu lado: são vocês, meus amigos, e a forma como levamos nossas vidas que, não por acaso, foram entrelaçadas. Minha mensagem, neste finalzinho de 2007, é simples: SEJAM FELIZES ! Coloquem os óculos da felicidade e vejam com alegria todos os momentos da vida de vocês. Embora pareçam banais, são estes momentos que, no fim, ficarão. Lembrem-se do nosso papel social aqui neste mundo e, também, transmitam a felicidade. Com certeza, as coisas são melhores sucedidas quando realizadas com felicidade e otimismo !
Muitíssimo importante: Obrigada, amigos, obrigada por tudo e por todos os momentos em que vocês se fizeram presentes. Sem vocês, eu não seria metade do que sou. Nem sentiria metade do que estou sentindo. Um belíssimo 2008 para todos vocês e lembrem-se: SEJAM FELIZES!